“Damos forma aos nossos edifícios e depois eles dão forma à nossa vida”
Winston Churchill
A neurociência nos diz que o cérebro responde aos estímulos a que são expostos. Os diversos ambientes que nos cercam provocam variados estímulos, tamanha é a nossa exposição a eles. Esses estímulos são vetores sobre as sensações, sendo um dos fatores que influenciam o nosso comportamento.
Assim, a neuroarquitetura é uma ciência que estuda como os ambientes impactam o cérebro atuando nas emoções e gerando diversos sentimentos e comportamentos.
A criação de um ambiente sensorial, utilizando elementos como formas, texturas, cores, iluminação, cheiros, conforto térmico e acústico, irão proporcionar estímulos cerebrais que provocarão diversas sensações.
O objetivo do neurodesign voltado para o ambiente, é impactar positivamente o dia a dia das pessoas, melhorando a sua qualidade de vida através dos ambientes a que estão expostas diariamente.
Por exemplo, ao cruzar de um ambiente a outro a sua visão percebe diversos elementos no caminho. Se nesse trajeto sua visão periférica (nem precisa ser a visão direcionada) captar uma mesa farta com diversas frutas frescas ali expostas, essa percepção estimula o cérebro a realizar sinapses que proporcionam um sentido de fartura. O que vai gerar um comportamento confortável de abundância. Não vimos diretamente as frutas que foi captada pela visão periférica, não sendo assim um processo consciente, mas esse estimulo nos gera essa interpretação da realidade.
Em uma explicação bem superficial e resumida, os elementos que servem de estímulo no ambiente emanam energia através das ondas, que por sua vez são absorvidos pelos nossos sentidos. O cérebro reúne essas informações recebidas criando a sua própria interpretação da realidade. Criamos uma imagem do que são os ambientes por interpretação do nosso cérebro.
Essa interpretação também pode ser induzida através do contexto. Cito como exemplo a mesma quantidade de líquido em dois recipientes diferentes. Podemos confundir nosso cérebro acreditando que um recipiente tem mais líquido que o outro.
Através dessa compreensão, é possível mudar gatilhos no ambiente provocando experiências que vão alterar o comportamento. A depender do ambiente essa transformação trará maior bem estar, melhora do humor, aumento da produtividade, melhora do aprendizado, dentre outros benefícios
“Uma vez que entendemos o que o design e a arquitetura são capazes de fazer, podemos mudar o ambiente e criar espaços que atendam às nossas necessidades de maneira consciente”
Suchi Reddy do Reddymade
Em 2019 o Google fez uma instalação na Feira de Milão exemplificando um método empírico de escolher o estilo de ambientação que faria os visitantes se sentirem melhor.
Foram criadas três salas (a Essencial, a Vital e a Transformadora) que proporcionassem uma festa para os sentidos, com diferentes tipos de textura, iluminação, aromas, sons e cores. Em cada uma delas as pessoas deveriam permanecer por 5 minutos, para que fosse medido a frequência cardíaca e a condutividade na pele através de uma pulseira que era entregue na entrada. Depois os sinais físicos e psicológicos eram analisados e cruzados para chegar a um resultado, em uma tentativa de ajudar as pessoas a perceberem coisas que elas gostam, mas ainda não sabem. O teste apresenta uma leitura dos sinais do corpo expostos a determinados estímulos, deixando de ser um resultado subjetivo sobre a sua própria opinião.
“Os objetos que você escolhe afetam seu bem-estar e seu corpo, e o fato de que a neurociência está provando isso é emocionante para nós”
Ivy Ross, vice-presidente de design de hardware do Google
A instalação do Google e o que se traz da neurociência para o design, é a discussão e comprovação de que a composição do ambiente afeta a saúde e o bem estar das pessoas.
A neurociência nos diz que nossa percepção consciente é menos de 1% de todo o processamento inconsciente de informações que acontecem no nosso cérebro. Assim as nossas emoções e o nosso instinto influenciam na tomada de decisões que são feitas diariamente.
Se antes o designer trabalhava levando em conta a estética e a funcionalidade, atualmente agregamos o neurodesing para impactar positivamente o comportamento
“O fato de que um homem não perceba a nocividade de um produto ou do design ao seu redor não significa que tal elemento seja inofensivo”
Richard Neutra, Survival Through Design