A sustentabilidade é uma preocupação cada vez maior em diversas áreas. Na construção civil não seria diferente, sendo um tema indispensável para qualquer empresa do setor. A grande quantidade de resíduos e entulhos gerados nos canteiros de obras, o extrativismo nocivo de matéria prima e o elevado uso de energia elétrica e água, representam um desafio para diminuir os impactos provocados pelas construções.
É preciso implementar ações antes, durante e após as construções, que reduzam os impactos ambientais e potencializem a viabilidade econômica, proporcionando uma boa qualidade de vida para as gerações atuais e futuras.
Considerando um dia em uma obra com mais de 170 colaboradores, cada um deles gera aproximadamente 51,74 gramas de resíduos, totalizando cerca de 9 kg de resíduos por dia na obra, segundo informações da Regina Pedroni, responsável pela área de sustentabilidade da Bild Desenvolvimento Imobiliário. O Brasil gera mais de 100 milhões de toneladas de resíduos da construção e demolição, mas apenas pouco mais de 20% desses resíduos são destinados de forma adequada, segundo dados da Abrecon (Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição).
O descarte inadequado desses resíduos sólidos causa degradação ambiental, erosões e enchentes que, por sua vez, são vetores nocivos à saúde, a exemplo da dengue. Também existe a preocupação do esgotamento dos recursos naturais. Assim, é necessário o fomento de pesquisas na área, investimento em tecnologia e a disponibilização de materiais reciclados no mercado, possibilitando reduzir os custos de construção e dos impactos ambientais gerados por esta atividade.
Buscando um comportamento pró-ambiental, em que a ação humana contribua para proteger o meio ambiente, se faz necessárioimplementar propostas pedagógicas em Educação Ambiental, reforçando a responsabilidade do indivíduo enquanto cidadão e como futuro profissional. Para tanto é necessário professores experientes em práticas sustentáveis, proporcionando que o estudante amadureça sua consciência ambiental, aumentando o conhecimento da prática ecológica e tornando-o mais participativo.
O conhecimento gera a mudança de atitude, tornando possível a melhoria no ambiente, na qualidade de vida e na saúde da população. É preciso que engenheiros, designers de interiores e arquitetos incluam práticas sustentáveis com o uso racional dos recursos naturais e de proteção ambiental em seus projetos.
Mas também é preciso criar uma conscientização ambiental em todas as pessoas, formando cidadãos conscientes de sua condição humana e de sua dependência da natureza. Quanto mais ampla for a percepção das pessoas sobre a natureza, mais propensas elas estarão para consumir produtos e serviços sustentáveis, inclusive os projetos arquitetônicos.
Além da educação ambiental desde cedo dentro e fora das escolas, também é fundamental que hajam ações em consonância com as realidades locais com o objetivo de desenvolver o comportamento pró-ambiental. Ações e políticas públicas que dialoguem com a realidade das pessoas e sejam efetivas à comunidade, também fundamentam práticas comunitárias.
Com a educação mudando os hábitos, e com políticas públicas voltadas ao tema, a sociedade está atenta à preservação do meio ambiente, demandando construções mais sustentáveis.
Profissionais e clientes já entenderam que a prática sustentável traz diversos benefícios, dentre eles: Economia pela otimização dos processos, consumindo matéria prima de forma consciente, reaproveitando resíduos e minimizando desperdícios; incentivos fiscais cada vez mais comuns para práticas sustentáveis tanto no âmbito federal, como no estadual e no municipal; mais conforto aos clientes com um projeto arquitetônico atento ao conforto acústico, térmico e lumínico; valorização do projeto/imóvel, já que a sustentabilidade é cada vez mais reconhecida.
Uma pesquisa realizada por Erika Silva com profissionais do IBAMA, analisa que “as principais barreiras que impedem que ações sustentáveis façam parte dos hábitos da sociedade brasileira, são barreiras psicológicas (egoísmo na utilização dos recursos naturais), culturais (ausência de uma postura cidadã), políticas (excesso de leis e a multiplicidade de órgãos de atuação), organizacionais (déficit de recursos humanos e financeiros para controle e fiscalização do uso dos recursos naturais), financeiras (priorização dos interesses econômicos) e atitudinais (sociedade voltada para o consumo).” Mesmo sendo realizada no recorte do Instituto, é bem representativo do que acontece no geral.
Arquitetos, engenheiros e designers de interiores, precisam equalizar a demanda pela sustentabilidade com o criativo e artístico de seus projetos, sem perder a funcionalidade e a estética, gerando maior qualidade de vida para os usuários. Os profissionais que aderirem a essa prática, serão capazes de economizar em suas atividades e ainda valorizar a sua imagem no mercado, demonstrando real preocupação em realizar projetos arquitetônicos sustentáveis.
Assim, conhecer as principais possibilidades de construção consciente e sustentável, além de respeitar a natureza e o meio onde vive, é uma exigência cada vez maior no setor, e não mais um diferencial competitivo.